segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O BOOM DAS COMODITIES


Após todas estas intervenções, o Fed assumiu uma postura totalmente inaudita em toda a sua história: ele simplesmente passou a comprar todos os títulos hipotecários em posse dos bancos. Ou seja, ele passou a imprimir dinheiro e dar aos bancos em troca dos títulos hipotecários em posse destes bancos. Isso limpou o balancete dos bancos e fez com que a base monetária explodisse. No entanto, e felizmente, todo este aumento da base monetária não se converteu em expansão do crédito. Ou seja, os bancos não jogaram este dinheiro na economia. A quase totalidade do aumento da base monetária transformou-se em "reservas em excesso". "Reservas em excesso" são as reservas que os bancos mantêm voluntariamente depositadas junto ao Fed, além do volume determinado pelo compulsório”. Leandro Roque. INFLAÇÃO NÃO É PREÇO ALTO, MAS A SUA DERIVADA. O enorme ganho de produtividade produzido pelas novas tecnologias levou ao barateamento dos preços dos produtos nos setores que a utilizavam e encarecimento de outros bens. Isto foi o que realmente aconteceu com os preços do petróleo, ouro e outras comodities. É falsa a impressão causada pelo aumento de preços: houve aumento em alguns produtos primários e queda em outros dependentes de alta tecnologia, permanecendo constante a quantidade moeda em poder do público. Por sinal, foram os próprios bens tecnológicos – computadores, celulares e redes de telecomunicação – os primeiros (e únicos) a apresentar queda acentuada nos preços, dada a renovação constante por obsolescência precoce. O processo foi semelhante à inflação de demanda dos preços do tomate, causados por condições climáticas, só que no sentido contrário: sobra dinheiro para compra de outros produtos, cuja quantidade não pode ser suprida instantaneamente, por isso os seus preços aumentam. Isso, só foi possível graças à capacidade da China de exportar produtos de baixo preço. Coisa que não é possível ao trabalhador americano mais produtivo. O americano cria a tecnologia de alto valor (software), mas seria um desperdício produzir o bem tecnológico físico, que pode ser produzido a preço mais baixo por um trabalhador menos qualificado. Mas, foi a grande riqueza gerada pela cooperação com os países asiáticos o responsável pelo aumento de produtividade em todos os outros setores da economia global que produziu alta exagerada das ações das empresas multinacionais, especialmente as de internet no fim dos anos 90 e que levou os EUA a recessão, – devida a perda patrimonial dos prejudicados na bolsa – e que motivou o afrouxamento da política monetária. A operação teve sucesso, mas o excesso de liquidez fez outros ativos subirem exageradamente no mercado imobiliário. Quando a bolha estourou houve paralização dos mercados de crédito e investidores em geral. Aí, sim tivemos uma crise global. Este afrouxamento só foi possível devido aos elevados défits nas contas externas dos países importadores, financiados na maior parte pela poupança Chinesa e de outros países poupadores como os fundos soberanos dos países produtores de petróleo. Foi uma cooperação perfeita entre consumidores de países produtores de alta tecnologia e os poupadores dos países emergentes que financiavam com lucro a venda de produtos baratos. A alta exagerada das ações – principalmente de Internet – teve ganhadores, que foram as empresas multinacionais, mas os países asiáticos também foram beneficiados com a ocupação de mão de obra. Os perdedores foram aqueles que não conseguiram vencer a concorrência chinesa e se desindustrializaram. A política de afrouxamento ou “tsunami de dólares” foi o que permitiu ao FED adotar política de Juros baixos e incentivos ao consumo e ao crédito com baixa inflação. Onde foram parar os dólares resultantes do afrouxamento monetário? O principal beneficiário foi a China e, por consequência o Brasil com o “boom das comodities”.

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