segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Como afirma Friedman, “nada é de graça"


Como afirma Friedman, “nada é de graça”: assim como não existe meio ambiente impoluto não haverá sistema elétrico incólume. Não existem sistemas hidroelétricos isentos de risco, como se fosse possível e desejável um sistema de risco zero. Evidentemente isto é um absurdo. Ninguem que estude seriamente o problema considera o risco zero como estado de coisas desejáveis e possíveis. O preço da garantia é o superdimensionamento. A manutenção de “energia garantida” é muito dispendiosa por sua inerente dependência do clima. É um luxo somente permitido aos países industrializados. A forma natural de ter 100% de “energia garantida” é através de fontes térmicas porque nestas o combustível já constitui um estoque de energia, disponível a qualquer tempo, independente de condições climáticas. Aliás, ainda está por entender porque no não foi feito isso no recente apagão: na pressa esqueceu-se de abrir a torneira do gás e apertar o botão das termoelétricas. Hugo Siqueira Avenida Oscar Ornelas 157 Cabo Verde MG fone 0313537361355

sistema de fonte única hidroelétrica


Projetam agora alongar a vida de um sistema de fonte única hidroelétrica ao repetir na Amazônia a mesma estratégia de sucesso utilizada no Sudeste com o emprego de reservatórios de acumulação. Sabidamente os potenciais de fio d’água da Amazônia não produzem estoques de energia, por isso a interligação elétrica por si só, não transfere estoques simplesmente porque não há estoques para transferir. A interligação com o Norte só agrava os riscos operacionais de um sistema inerentemente inseguro pela sua elevada concentração.

“Apagões e inconfidências"


“Apagões e inconfidências acontecem nas melhores famílias”, não é privilégio de países subdesenvolvidos como atesta a maior freqüência nos Estados Unidos, cuja distribuição de energia é regionalizada e cujos efeitos são naturalmente restritos, ao contrário do Brasil que tem um sistema único interligado. Os técnicos da Eletrobrás — que foram extremamente eficientes ao projetar o Sistema Elétrico Brasileiro — já tiveram que lidar com problema semelhante de manter “energia garantida” em sistemas predominantemente hidroelétricos. Sistemas como este são naturalmente inseguros pela inerente dependência do fator clima que constitui fenômeno imprevisível. Não podendo contar com térmicas — indisponíveis na época para aumentar a confiabilidade — a estratégia de sucesso utilizada foram os reservatórios de acumulação, com evidente antecipação de investimentos e endividamento externo. Este, o preço pago pela intuição dos técnicos: o superdimensionamento.

“a maior hidroelétrica do mundo”


Mas porque justo agora com nossa “celebridade” — considerada “a maior hidroelétrica do mundo” — foi acontecer o de repente (in) esperado? Qual a razão da súbita mudança de estratégia provocada pelas recentes notícias? Os sinais são claros:  Postergada para 2010 a licitação da Usina de Belo Monte.  Cadastramento preponderante de usinas térmicas para o leilão de energia nova marcado para 17 de dezembro.  Só agora os especialistas e professores estão se manifestando sobre as fragilidades do Sistema Elétrico Brasileiro.

APAGÃO


“O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Parafraseando o Brigadeiro Eduardo Gomes diríamos: “O preço da governabilidade é a inconfidência dos políticos”. Os Judas que compraram indicações do velho cacique são os mesmos com os quais a nossa maior celebridade “O Filho do Brasil” vai ter de dialogar para salvar a governabilidade e a segurança do sistema elétrico. Nos regimes parlamentaristas muitas cabeças já teriam rolado e ministros renunciado ao cargo. O preço da “energia garantida” e dos “riscos operatórios” é o superdimensionamento do sistema elétrico.