sexta-feira, 11 de outubro de 2019

RELAÇÃO DE ITEMS


1. Que não existe um conflito entre os ambientalistas — considerados idealistas e contrários ao progresso — e aqueles que se autodenominam progressista, como veiculado na mídia. Este é um falso dilema. Não é uma questão de vontade realizar o progresso. São fatos objetivos que o impedem: o campo gravitacional é pobre, só isso. Devemos reconhecer, entretanto, que foi graças ao trabalho persistente dos ambientalistas e da resistência dos habitantes da floresta que se tornou possível uma solução de consenso, com menor custo dos empreendimentos, inclusive ambiental. 2. A licitação da usina de Belo Monte, anunciada para este ano de 2009, promete surpresa maior, posto que seja talvez um dos últimos potenciais de grande qualidade da Amazônia. Novas controvérsias poderão surgir, uma vez que o novo projeto prevê diminuição da superfície inundada para cerca de 500 Km² (10 por 50 km), o que não deixa de ser auspicioso. Por outro lado, inclui um desvio do Rio Xingu e uma nova pequena usina de bulbo. Acreditamos que a área inundada possa ser ainda mais reduzida, pelo fato de tratar-se de uma usina de foz que, obviamente, não traz nenhum beneficio às usinas de montante. 3. Os reservatórios da Amazônia não armazenam energia. Logo, se os custos de barragem e reservatório forem reduzidos ao mínimo, os únicos custos incidentes serão, praticamente, aqueles relativos ao equipamento, turbina e gerador. Nesta condição a turbina de bulbo é imbatível comparativamente a turbina de vento. O custo de vertedores é uma parcela constante, projetada em qualquer caso para vazões seculares. 4. Os técnicos da Eletrobrás que foram extremamente competentes ao definir o sistema integrado do Sudeste projetam alongar a vida de um sistema de fonte única hidroelétrica ao repetir na Amazônia a mesma estratégia de sucesso utilizada no Sudeste com o emprego de reservatórios de acumulação. A integração elétrica é possível com envio de energia, mas, a integração elétrica por si só, não transfere estoques. 5. O fato mais importante que decorre das considerações acima é o reconhecimento de que o campo gravitacional na “Bacia Amazônica” é fraco e não pode produzir mais do que a soma simples de cada potencial individual, cuja produção energética total pode ser conhecida “a priori” por simples inventário. A interligação elétrica entre usinas não é condição suficiente para tornar o sistema “integrado” na acepção da palavra, tal como acontece no sistema da região Sudeste onde há ligação física entre os rios componentes da bacia, possibilitando a troca de estoques de energia. Em “teoria de sistemas” dizemos que os rios da Amazônia têm pouca “sinergia”.

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