sexta-feira, 11 de outubro de 2019

BAIXO NÍVEL DE APROVEITAMENTO EM CAMPO FRACO


Os potenciais da Amazônia, vistos como promissores, estão sendo superestimados, se levados em conta fatores ambientais: ou são usinas de fio d’água, incapazes de constituir estoques de energia, ou são usinas de baixa altura que, para produzir energia de modo eficaz necessitam de reservatórios imensos. Subutilização ou “Low Profile” é a melhor maneira de ter energia de baixo custo e de preservar a floresta, sem gastar os recursos da natureza. Mesmo subutilizada a Região Amazônica continuará a fornecer energia barata capaz de suprir as necessidades próprias e ao mesmo tempo produzir insumos básicos por eletrólise de minérios, abundantes na região, e cujo aproveitamento não conflita com o meio ambiente. Não é difícil mostrar que reservatórios não só são ambientalmente incorretos na região Amazônica, como impraticáveis tecnicamente. Tomemos como exemplo o reservatório de Furnas (1440 Km² de superfície alagada), que junto com Itumbiara (780 Km²) é o responsável pela maior parte do estoque de energia do Sistema Sudeste-Sul. O estoque de energia pode ser calculado pela expressão: Estoque de energia ~ Volume armazenado X altitude Como: Volume armazenado ~ Superfície alagada X Altura local Resulta: Estoque de energia ~ Superfície alagada X Altura local X altitude Os fatores altura e altitude são determinantes na constituição de estoques de energia. Como a altitude é um fator físico predeterminado, qualquer barragem só produz superfície alagada e custos sem produzir estoque de energia. Ainda que fosse aceitável a mesma superfície alagada de Furnas, o volume de água armazenado seria minúsculo e o estoque de energia desprezível. Ordinariamente, os reservatórios da região amazônica têm o formato de uuuuuu alongado, rasos e largos, com elevada relação superfície/altura em relação aos reservatórios do Sudeste, Furnas e Itumbiara, que tem formato de V, estreitos e profundos, com baixa relação superfície/altura para o mesmo volume armazenado. Em outras palavras: a superfície de alagamento é inversamente proporcional à alturas de queda. Para ter o mesmo volume do reservatório de Furnas a área inundado em Jirau no Rio Madeira seria cerca cinco vezes maior, o que seria impensável. Ainda que fosse possível, a energia armazenada — produto do volume pela altitude — seria muitas vezes menor ou quase nada. Conclusão, feitos novos estudos para contemplar exigência dos ambientalistas acabou prevalecendo o bom senso: a área inundada foi substancialmente reduzida para cerca de 250 km² e o custo da barragem e reservatório praticamente deixaram de existir. A altura da barragem foi reduzida a dimensão necessária apenas para alojar as turbinas de bulbo e conter o vertedor dentro dos limites do rio. Para surpresa geral o lance dos consórcios vencedores da licitação ficou muito aquém dos limites máximos estabelecidos, como era de se esperar (78 e 71 R$/Kwhora, respectivamente a Jirau e Santo Antônio). Quais as lições que podemos tirar deste acontecimento inusitado?

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