segunda-feira, 30 de março de 2015

O IMPASSE DO CÂMBIO PARA A PETROBRAS


Segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a dívida líquida da Petrobras, que até o fim de setembro de 2014 era de 260 bilhões de reais, subiu para 290 bilhões. Foram 30 bilhões perdidos para o câmbio — 70% do caixa gerado pela empresa entre janeiro e setembro de 2014. O outro efeito colateral do dólar forte é reduzir os ganhos que a estatal vinha tendo com a defasagem entre os preços do petróleo no mercado internacional, em queda, e os dos combustíveis no Brasil, mantidos altos. A estimativa do CBIE é que o ganho extra de 67,8%, em janeiro tenha caído para 23% na semana passada. A questão é delicada porque a própria companhia já informou que seus recursos são suficientes apenas para chegar ao fim do ano, e até já começou a rever investimentos. Se o dólar continuar alto e minar os cofres mais rapidamente, vai se tornar ainda mais urgente a necessidade de injeção de recursos. 0 problema é que as alternativas para isso não são muitas - nem boas. A solução ideal seria vender na bolsa subsidiárias como a BR Distribuidora. Uma operação assim, porém, depende do fim do petrolão para ser bem-sucedida. No campo das soluções possíveis a curto prazo, a primeira seria aumentar o preço dos combustíveis. Isso, entretanto, significaria impor novo arrocho aos consumidores, que já enfrentam a volta de impostos sobre os combustíveis. A segunda hipótese é o Tesouro capitalizar a empresa – dificultando o já hercúleo ajuste capitaneado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A terceira via seria converter em participação acionária a dívida da Petrobras com os bancos estatais, dando a ela fôlego para tomar mais crédito no mercado. Tal saída tem sérios inconvenientes, entre os quais o maior é aumentar a interferência do governo e espantar investidores privados. "É pouco provável e seria péssimo. Mas, como o governo não vai deixar a Petrobras quebrar, é melhor botar as barbas de molho", diz o diretor do CBIE, Adriano Pires.

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