quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ALIMENTOS OU ENERGIA

“Crise dos alimentos” sempre foi um argumento diplomático utilizado nas crises anteriores para justificar generosos subsídios para manter baixo o preço do grão, milho e soja, empregado na alimentação de animais. Ora, o grão não é, tipicamente, um alimento do ser humano. Ele os consome, em quantidade significativamente menor que os animais, claro, na forma de cereais e em conjunto com outros alimentos energéticos. Guardadas as proporções, os animais é que são os grandes consumidores de grãos, especialmente os bovinos de hoje, que aprenderam a consumi-lo com o homem. Soja e milho concentram 82.4% da produção agrícola brasileira de 2008. Apenas 7.6% correspondem aos outros alimentos energéticos (Arroz, trigo, feijão, batata, mandioca e outros). Na verdade o mundo não carece de alimentos energéticos, mas de alimentos protéicos como a carne, especialmente a carne bovina, que não consegue produzir em quantidade satisfatória por insuficiência de terra e combustível.
Se o temor é o de perder os fornecedores de grãos, isso já está acontecendo. Ao melhorarem de vida, os asiáticos desejam ao menos um décimo do consumo dos países industrializados (100 kg anual por habitante nos Estados Unidos), e não apenas alimentos energéticos como arroz, trigo e animais exóticos.
Na crise atual, a ameaça de impor regulamentos -- proposta do presidente Sarkosi – revela um temor ainda maior de perder o acesso e controle de todas as comodities: energia, agronegócio e mineração. Todas dependentes do preço do petróleo que tambem é uma comodity.
Alem de maiores produtores de bens tecnológicos e industriais, países industrializados (e China) ainda relutam em continuarem produtores de insumos básicos por meios impróprios.
O petróleo já esteve a 1 dólar/litro. Hoje está um pouco acima de 1 real/litro. O Brasil só tem a ganhar com a alta do preço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário